segunda-feira, abril 17, 2006

René Magritte

Irei falar sobre René Magritte, um dos maiores pintores Surrealistas que já existiu. Além disso sou fã de carteirinha dos trabalhos dele. Magritte nasceu em 1898 e morreu em 1967. Reagiu ao ser classificado como surrealista e afirmava fazer uso da pintura com o objetivo de tornar visíveis os seus pensamentos. Mas é claro que ele foi surrealista em todos os sentidos. E é claro também que foi um pensador. O seu trabalho é sempre complexo e obriga ao raciocínio, a interpretação e ao estudo. Os quadros de Magritte não podem ser simplesmente vistos. Precisam ser pensados. Eu tenho a impressão, e isso é uma coisa absolutamente minha, que todo surrealismo traz embutido uma pitada de loucura, não da demência mas da loucura que mistura-se a toda genialidade. E Magritte é genial.É recorrente na obra de Magritte esse tema de contraste, de inversão dos valores. O espelho que não reflete todas as imagens, o interior que mostra o exterior, a silhueta que parece recortada da cortina.

A princípio parece mesmo um recorte, até que se sabe que tudo é feito pelas tintas mágicas desse surrealista que não queria ser surrealista.Magritte sempre discute os seus quadros e repete-se constantemente nessa questão do choque entre realidades, do que é e do que deveria ser, ou do que é e seus desdobramentos e contrastes. Há um quadro, visualmente dos mais pobres de seu longo trabalho, onde mostra um guarda chuva, um objeto que, apesar do nome, serve para repelir a água e mantê-la a distancia. Em cima do guarda chuva, um copo cheio d'água. Considerando o copo como um objeto que serve para reter água, temos mais uma vez essa contraposição. O pintor não cansava de afirmar a irrealidade das suas telas. Pintou um cachimbo e escreveu na tela "isso não é um cachimbo". Insistia em afirmar que a tela era a penas a representação de um cachimbo e não se poderia fumar nele. Essa questão, aparentemente obvia, ocupou um grande espaço no pensamento e no trabalho de Magritte.

Chama-se Golconda e foi pintado em 1953. "Há uma multidão de homens, homens diferentes. Quando pensamos numa multidão, contudo, não pensamos num indivíduo; do mesmo modo estes homens estão vestidos de igual, tão simplesmente quanto possível, para sugerir uma multidão... Golconda foi uma rica cidade da Índia, uma maravilha. Acho uma maravilha poder caminhar pelo céu na terra. Por outro lado o chapéu de coco não constitui uma surpresa - é um artigo de complemento nada original. O homem de chapéu de coco é o Sr. Normal, no seu anonimato. Eu também uso um: não tenho vontade de me destacar das massas." Por aí se vê como Magritte se colocava dentro da normalidade ou seria isso uma ironia? Homens comuns de chapéu de coco, obstruem completamente a janela. Apesar da passividade de cada rosto individualmente, o conjunto é amedrontador. Abaixo irei colocar os quadros dos homens de Chapéu de Coco, um dos mais famosos de Magritte :

Um comentário:

A czarina das quinquilharias disse...

eu adoro os chapéus coco dele.
os guarda chuvas e janelas tmb são otimos.
palmas pro magritte!