A princípio parece mesmo um recorte, até que se sabe que tudo é feito pelas tintas mágicas desse surrealista que não queria ser surrealista.Magritte sempre discute os seus quadros e repete-se constantemente nessa questão do choque entre realidades, do que é e do que deveria ser, ou do que é e seus desdobramentos e contrastes. Há um quadro, visualmente dos mais pobres de seu longo trabalho, onde mostra um guarda chuva, um objeto que, apesar do nome, serve para repelir a água e mantê-la a distancia. Em cima do guarda chuva, um copo cheio d'água. Considerando o copo como um objeto que serve para reter água, temos mais uma vez essa contraposição. O pintor não cansava de afirmar a irrealidade das suas telas. Pintou um cachimbo e escreveu na tela "isso não é um cachimbo". Insistia em afirmar que a tela era a penas a representação de um cachimbo e não se poderia fumar nele. Essa questão, aparentemente obvia, ocupou um grande espaço no pensamento e no trabalho de Magritte.
Chama-se Golconda e foi pintado em 1953. "Há uma multidão de homens, homens diferentes. Quando pensamos numa multidão, contudo, não pensamos num indivíduo; do mesmo modo estes homens estão vestidos de igual, tão simplesmente quanto possível, para sugerir uma multidão... Golconda foi uma rica cidade da Índia, uma maravilha. Acho uma maravilha poder caminhar pelo céu na terra. Por outro lado o chapéu de coco não constitui uma surpresa - é um artigo de complemento nada original. O homem de chapéu de coco é o Sr. Normal, no seu anonimato. Eu também uso um: não tenho vontade de me destacar das massas." Por aí se vê como Magritte se colocava dentro da normalidade ou seria isso uma ironia? Homens comuns de chapéu de coco, obstruem completamente a janela. Apesar da passividade de cada rosto individualmente, o conjunto é amedrontador. Abaixo irei colocar os quadros dos homens de Chapéu de Coco, um dos mais famosos de Magritte :
Um comentário:
eu adoro os chapéus coco dele.
os guarda chuvas e janelas tmb são otimos.
palmas pro magritte!
Postar um comentário